A raiva tem dentes de cão pequeno. Sempre demasiados, Demasiadamente agudos, Longilíneos como pincéis. Contidos (sempre) num espaço (que é) ínfimo. E extravasada, ainda assim, o ar é uma bochecha. A raiva, contida sempre, miudinha, proibida, invade de dentro para fora, prestes (dentro da boca) a perfurar um vaso tenso e a lançar-se, líquida, em bossas. O lábio inferior, trémulo, sanguíneo. Os salpicos de cuspo profetizando vómito (tragam toalhas). Irrompe como um relâmpago, desirmanada do corpo que dança aos solavancos automáticos de uma convulsão febril. E fura, mas sempre os dentes, demasiado pequenos num cão demasiado pequeno que ...
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