em memória do meu avô José Fernando Pereira Coutinho (18/03/1929-31/05/2022) Os olhos fecharam-se. A luz entrava na câmara Depois da antecâmara, Transformando a tenda das pálpebras Num espectáculo de sombras chinesas. Simples, tensionadas como pele de tambor, Retumbavam pulsos surdos de luz. Com efeito, a luz entrava e não saía, Olhava para dentro, De face voltada para a nuca. Era como estar na barriga de um grande peixe Por três dias e três noites. Nauseabundo e escuro, o ventre do peixe, Profundo e interior, sem poros ...
Ler MaisPara o meu filho L. A tua silhueta corre, Percorrem-te ondas como as do mar, Tens escamas de luz. Desenharam-te a tinta da China E, no entanto, és dourado, Sempre foste dourado E nos teus olhos anda o mar. Não há em ti cinzentos nem opacidades, Só berlindes que se divertem, Provocando a refração da luz de quem te olha. Qualquer pessoa que te fite é perpassada Por uma espada etérea E fica ali a beber do teu halo Pelos olhos. No cimo da tua cabeça ...
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