Sempre me surpreendem os dedos. A sua existência assusta-me (que querem?) e sigo-os, de olhos abocanhados ao movimento (que fazem?). Tenho-os presos na boca da minha imaginação. Os músculos (tenho-os) tensos, preparados na flexão dos membros. Só a cauda ondula, poética, denunciando-me. As pontas das orelhas roídas (como?), a marca de uma pedra na costela (entretecida no ventre da minha mãe, como?), e ainda assim (admiráveis) os meus dentes, cravos poderosos de uma soberania sozinha, as minhas garras, isqueiros rápidos do corpo, e o meu pêlo, um derramamento pela pele do mais íntimo de mim, cheio de fome e sede do outro, dos seus dedos, aqueles que estão ...
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