A intimidade é uma espécie de vapor
de água
entre silhuetas.
Tem tato fino,
Toca ao de leve o nome,
di-lo muitas vezes, baixinho,
guarda-o.
A intimidade fecha os olhos e sente.
Abre os olhos e colhe frutos.
(É um limoeiro a que se estende um braço.
Uma mão arranca.)
Nem sempre os come.
(Há cestos cheios de maçãs, peras,
laranjas à sombra.
Esperam.)
As oliveiras que se contorcem
ao longo de um eixo
longitudinal
são santuário de intimidade.
Abrigam-na as voltas, a repetição,
a cronologia que se conhece
E aquele conluio entre o tronco
e a folhagem
Oferece a frescura que faltava.
Delicadamente,
Os dedos correm as costuras da roupa,
E afagam-lhe
as avessas,
Sem desnudamento.
Do promontório
avistam-se as interseções dos montes.
Ao relento, o banco de pedra
recebe o orvalho
e o sol.
Abigail Ribeiro
10 de junho de 2022